ClientClient nameYear2024AuthorAuthor nameShare
Sediado em São Paulo, emerge como um enclave de experimentação artística que transcende as fronteiras tradicionais da criação contemporânea. Fundado por Roberta Romanelli e Rodolpho Rivolta, o estúdio sintetiza a confluência de artistas com trajetórias distintas: Romanelli, formada em Design, traz ao diálogo sua vasta experiência em Arquitetura de Interiores e Decoração, com um olhar apurado, focado no apelo visual e em referências pop, enquanto Rivolta, com formação em Direito e uma carreira consolidada na Publicidade, insere uma perspectiva disruptiva ao vocabulário artístico do estúdio. Essa união configura uma dialética criativa que dá origem a um repertório estético, conceitual e singular.
O R² Studio opera no limiar entre a arte e o design, manejando materiais insólitos — da matéria-prima industrial ao upcycling — para elaborar obras que subvertem as expectativas do público. Suas criações, imbuídas de uma estética pop e ultra contemporânea, são marcadas por um humor refinado e uma linguagem visual provocativa e cativante. Além disso, o estúdio colabora frequentemente com artistas de renome, evidenciando uma postura de diálogo aberto com o cenário nacional, o que resulta em obras carregadas de multiplicidade e vigor, navegando por formatos distintos como escultura, pintura e fotografia.
Cada peça concebida pelo R² Studio evoca uma narrativa que transcende o objeto em si, abrindo espaço para uma reflexão crítica sobre o papel da arte no cotidiano e sua capacidade de reconfigurar percepções. Através de exposições em plataformas internacionais de prestígio, o estúdio tem levado sua visão inovadora a um público amplo, consolidando sua relevância no panorama artístico nacional e sendo reconhecido pela sua abordagem multidisciplinar e inovadora no cenário contemporâneo.
Principais exposições:
Doce Veneno – R² Studio
Doce Veneno é uma exposição que ecoa os traços maximalistas do duo R2 Studio (Roberta Romanelli e Rodolpho Rivolta) em obras que abordam os excessos da sociedade contemporânea. Assim como temos consumido imagens, informações e símbolos culturais em larga escala e em alta velocidade, nos entregamos à comida de maneira impulsiva, buscando conforto imediato sem refletir sobre as consequências.
Muitas obras apresentadas aqui são carregadas de um interessante paradoxo, pois adotam o método da indústria alimentícia (símbolos conhecidos, gráficos escandalosos e cores palatáveis), mas acrescidos de processos lentos e manuais, como a colagem, o bordado. O upcycling, que está no DNA da dupla, também representa um contraponto ao consumo de massa por meio da reutilização de materiais, que vão de toy art a embalagens.
A cultura do fast food se torna metáfora para um estilo de vida acelerado e desatento: a rolagem descontrolada do feed, um pacote de salgadinho que se esgota sem que notemos, o almoço dividido com a tela do celular ou uma exposição que só guardamos na memória por meio de fotos.
Tanto a arte quanto a comida exercem papéis essenciais em nossas vidas: a função de nutrir corpo e alma. Adicionam também prazer, conforto e expressão. No entanto, quando consumidos sem reflexão, alimentos e cultura tornam-se válvulas de escape que apenas anestesiam ansiedades e incertezas.
A exposição também aborda as responsabilidades individuais e coletivas. Tanto a alimentação quanto o consumo de cultura afetam a sociedade em um nível mais amplo. Aqui, nos perguntamos sobre como lidamos com a responsabilidade ao sermos consumidores vorazes de um sistema que nos alimenta, mas também nos desgasta. Estaríamos realmente saciando nossas necessidades ou apenas nos preenchendo com vazios?
Com seu característico humor ácido e estética exagerada, R2 desconstrói a cultura do excesso que nos envolve. Neste universo onde tudo parece instantâneo, mais que uma crítica embutida dentro do próprio sistema, Doce Veneno é um espelho que reflete nossas próprias contradições e um convite a uma pausa para olharmos mais de perto o que e como escolhemos devorar.